AULA 4: INFLUÊNCIAS DA ANTIGUIDADE CLÁSSICA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

sábado, 1 de agosto de 2020

Apesar de tratar de um mesmo tema, história e cinema tem abordagens distintas. Essas obras são elaboradas para o entretenimento da população, a qual não vai necessariamente (ainda que seja possível) assisti-las ou lê-las em busca de uma melhor compreensão do passado, mas acabará por internalizar algumas das questões ali apresentadas como uma narrativa verídica.

A noção de realidade trazida pela produção, em conjunto como elementos de câmera, escolha de enquadramentos, trilha sonora, edição, influenciam a percepção do público sobre o passado que lhe será apresentado. Mais que uma mera análise do tema apresentado, cabe buscar compreender como e por que foi escolhido aquele tema, em especial, de que maneira ele foi apresentado.

O período do Renascimento foi importantíssimo para o retorno dessa apreciação pelos ideais e artes do período da Antiguidade Clássica greco-romana. Foi um período em que começou a ser questionado o que era ditado pela igreja de acordo com seus dogmas. O uso da razão e de princípios da filosofia clássica foram fundamentais para o desenvolvimento da ciência, feita principalmente pela observação da natureza e através de experimentos. Foi o retorno do humanismo, da retórica, e do empirismo, que haviam sido esquecidos após a grande perseguição da Igreja católica.

A mitologia e cultura greco-romana foi um tema muito explorado no período  renascentista. Temos como exemplo o quadro do Nascimento de Vênus, de Sandro Botticelli, o quadro Vênus e Marte, também de Botticelli, assim como Pallas e o Centauro, A Escola de Atenas, de Rafael Sanzio, e a obra Saturno Devorando um Filho, de Francisco de Goya.

Lembrando que as versões romanas dos deuses geralmente são mais representadas que as gregas. Afinal, com a destruição de boa parte das obras gregas pela igreja católica, as que sobraram eram as romanas, e por consequência, foram elas que serviram de inspiração para artistas de outras épocas.

 

 LIVRO: ILÍADA

A guerra de tróia foi um conflito entre gregos e troianos e durou aproximadamente 10 anos. Aconteceu por causa do rapto da princesa grega Helena, esposa do rei Menelau, por Páris, príncipe troiano. Com o rapto de sua esposa o rei ficou enfurecido e fez com que os guerreiros gregos, os quais haviam jurado proteger Helena, organizassem um exército, comandado pelo general Agamenon, irmão de Menelau.

O cerco à Tróia durou dez anos. Vários soldados foram mortos, inclusive Aquiles, que segundo a lenda foi atingido em seu único ponto mortal, o calcanhar. O conflito terminou após a execução de grande plano do guerreiro Ulisses, o mais esperto e inteligente dos homens gregos. Sua ideia foi presentear os troianos com um grande cavalo de madeira, dizendo que os inimigos estavam desistindo da guerra e que o cavalo era um presente de paz. Os troianos aceitaram o presente e deixaram o enorme cavalo ser conduzido para dentro dos muros protetores da cidade.

Após uma longa noite de comemoração os troianos foram dormir exaustos. Nesse momento, os soldados que estavam escondidos dentro do cavalo atacaram a cidade, abrindo os portões da fortaleza para que os outros guerreiros entrassem e destruíssem Tróia.

 

FILME: TROIA

Data de lançamento: 14 de maio de 2004 (Brasil)

Direção: Wolfgang Petersen

Elenco: Brad Pitt, Orlando Bloom, Eric Bana, Sean Bean.

O filme conta a história da batalha entre os reinos antigos de Troia e Esparta. Durante uma visita ao rei de Esparta, Menelau, o príncipe troiano Paris se apaixona pela esposa do rei, Helena, e a leva de volta para Troia. O irmão de Menelau, o rei Agamenon, que já havia derrotado todos os exércitos na Grécia, encontra o pretexto que faltava para declarar guerra contra Troia, o único reino que o impede de controlar o Mar Egeu.

 


ODISSÉIA

Conta a história de Ulisses, ou Odisseu, o herói grego conhecido pelos seus dons de raciocínio e discurso, ao navegar para casa depois da vitória na guerra de Troia. Atormentado por Poseidon, deus dos mares, e protegido por Atena durante toda a jornada, enfrenta vários obstáculos e perigos, nos dez anos que leva para voltar à Ítaca e para os braços da mulher, Penélope.

 

FILME: 300

Data de lançamento: 9 de março de 2007 (EUA)

Direção: Zack Snyder

Elenco: Gerard Butler, Lena Headey, Michael Fassbender, Rodrigo Santoro

Em 480 A.C., existe uma guerra entre a Pérsia, liderada pelo rei Xerxes, e a Grécia. Na batalha de Thermopylae, Leônidas, rei da cidade grega de Sparta, lidera seuS guerreiros em desvantagem contra o massivo exército persa. Mesmo sabendo que a morte certa os espera, seus sacrifícios inspiram toda a Grécia a unir-se contra o seu inimigo comum.

 


LIVROS: PERCY JACKSON

Autor: Rick Riordan

Percy Jackson e os Olimpianos é uma série literária composta por cinco livros de aventura e fantasia, escritos pelo estadunidense Rick Riordan, que retrata a mitologia grega no século XXI. O personagem principal da série é Percy Jackson, que descobre ser um meio-sangue filho de Poseidon, deus do mar.

 

LIVROS: OS HERÓIS DO OLIMPO

Autor: Rick Riordan

A série narra as aventuras de sete semideuses em sua corrida contra o tempo para impedir o despertar da deusa da terra, Gaia.  Semideuses vivendo secretamente na era moderna são apresentados em ambas as séries, em sua luta contra os deuses e os titãs, como fizeram no passado. Os Heróis do Olimpo apresenta, além de gregos, semideuses romanos: crianças filhas dos deuses romanos, que estão separados de seus homólogos gregos. Estes dois grupos de semideuses — gregos e romanos — são inimigos devido a uma estátua, que foi roubada de Atena; assim, os dois grupos se mantiveram separados durante séculos, mas devem se unir para parar o principal antagonista da série, Gaia, que quer ressurgir a fim de obter o controle sobre o mundo.

 

LIVROS: AS PROVAÇÕES DE APOLO

Autor: Rick Riordan

Após irritar Zeus, o deus grego Apolo é expulso do Monte Olimpo. Fraco e desorientado, ele chega a cidade de Nova Iorque como um adolescente comum. Agora, sem seus poderes divinos, a deidade de quatro mil anos de idade deve aprender a sobreviver no mundo moderno até que ele possa, de alguma forma, encontrar uma maneira de entrar nas graças de Zeus novamente. Mas Apolo tem muitos inimigos — deuses, monstros e mortais que amariam ver o ex olimpiano permanentemente destruído. Apolo precisa de ajuda, e ele acha que o único lugar para ir… um enclave de modernos semideuses conhecido como Acampamento Meio-Sangue.

 

LIVRO: A CANÇÃO DE AQUILES

Autor: Madeline Miller

Baseada na Ilíada, esta obra é uma reconstituição da épica Guerra de Troia. O tímido príncipe Pátroclo é exilado no reino de Fítia, onde cresce à sombra do rei Peleu e de seu extraordinário filho, Aquiles. Apesar de suas diferenças, os meninos logo se tornam companheiros inseparáveis. Os laços entre eles se aprofundam à medida que se tornam adolescentes e hábeis nas artes da guerra e da medicina - para desagrado e irritação da mãe de Aquiles, Tétis, uma cruel deusa marinha que odeia os mortais. Quando se espalha a notícia de que Helena de Esparta foi raptada, os homens da Grécia, ligados por um juramento de sangue, têm de partir para invadir Troia e salvar Helena. Seduzido pela promessa de um destino glorioso, Aquiles junta-se à causa. Pátroclo, dividido entre o afeto e o temor por seu amigo, acompanha-o. Mal sabem eles que os deuses do destino os colocarão à prova como nunca antes, exigindo deles um terrível sacrifício.

 

JOGO: GOD OF WAR

Após dez anos a serviço dos deuses do Olimpo, o espartano Kratos é encarregado por Atena de encontrar a Caixa de Pandora; a chave para derrotar Ares, o deus da guerra, que está destruindo a cidade de Atenas. Uma série de flashbacks revelam que Kratos já foi o servo de Ares, que salvou o espartano e seu exército da aniquilação em uma batalha, mas o enganou para matar sua família, o que forçou sua metamorfose de "Fantasma de Esparta". Kratos eventualmente encontra a Caixa de Pandora, e depois de finalmente matar Ares, ele ascende ao Monte Olimpo para se tornar o novo deus da guerra.

 

FILME: HÉRCULES (DISNEY)

Data de lançamento: 4 de julho de 1997 (Brasil)

Direção: Ron Clements, John Musker

Hercules, filho dos deuses, foi capturado quando bebê por Hades e forçado a viver entre os mortais como metade homem e metade deus. Agora um adolescente, Hércules precisa realizar um rito de passagem na Terra para provar-se digno de viver com os deuses do Monte Olimpo. Com seu ajudante sátiro e corajoso Filoctetes, Hércules deve aprender a usar sua força para derrotar uma série de criaturas malignas.

 


FILME: HÉRCULES

Data de lançamento: 4 de setembro de 2014 (Brasil)

Direção: Brett Ratner

Elenco: Dwayne Johnson, John Hurt, Ian McShane

Meio homem, meio deus, o semideus Hércules anda atormentado pela terra. Depois de doze árduos trabalhos realizados e a perda de sua família, ele conhece seis assassinos impiedosos e une-se ao grupo em busca de trabalho, até que o rei da Trácia convida-o para treinar o seu exército.

 


FILME: ALEXANDRE, O GRANDE

Data de lançamento: 14 de janeiro de 2005 (Brasil)

Direção: Oliver Stone

Elenco: Colin Farrell, Angelina Jolie, Jared Leto

Conquistando 90 por cento do mundo até os 25 anos de idade, Alexandre, o Grande liderou seu exército por 35.000 km em ataques e conquistas em apenas oito anos. Da minúscula Macedônia, Alexandre liderou seu exército contra o poderoso Império Persa, rumou para o Egito e finalmente chegou à Índia.

 

FILME: MATRIX

Data de lançamento: 21 de maio de 1999 (Brasil)

Direção: Lana Wachowski, Lilly Wachowski

Elenco: Keanu Reeves, Laurence Fishburne, Carrie-Anne Moss

Um jovem programador é atormentado por estranhos pesadelos nos quais sempre está conectado por cabos a um imenso sistema de computadores do futuro. À medida que o sonho se repete, ele começa a levantar dúvidas sobre a realidade. E quando encontra os misteriosos Morpheus e Trinity, ele descobre que é vítima do Matrix, um sistema inteligente e artificial que manipula a mente das pessoas e cria a ilusão de um mundo real enquanto usa os cérebros e corpos dos indivíduos para produzir energia.

 


FILME: O SHOW DE TRUMAN

Data de lançamento: 30 de outubro de 1998 (Brasil)

Direção: Peter Weir

Elenco: Jim Carrey, Laura Linney, Ed Harris

Truman Burbank é um pacato vendedor de seguros que leva uma vida simples com sua esposa Meryl Burbank. Porém algumas coisas ao seu redor fazem com que ele passe a estranhar sua cidade, seus supostos amigos e até sua mulher. Após conhecer a misteriosa Lauren, ele fica intrigado e acaba descobrindo que toda sua vida foi monitorada por câmeras e transmitida em rede nacional.

 

FILME: O QUARTO DE JACK

Data de lançamento: 4 de fevereiro de 2016 (Brasil)

Direção: Lenny Abrahamson

Elenco: Brie Larson, Jacob Tremblay, William H. Macy

Joy e seu filho Jack vivem isolados em um quarto. O único contato que ambos têm com o mundo exterior é a visita periódica do Velho Nick, o homem que os mantém em cativeiro. Joy faz o possível para tornar suportável a vida no local, mas quando seu filho completa cinco anos, ela decide elaborar um plano para fugir. Com a ajuda de Jack, ela tenta enganar Nick para retornar à realidade e apresentar um novo mundo a seu filho.



AULA 3: RELIGIÃO E MITOLOGIA GREGA

Religião politeísta, ou seja, acreditavam em vários deuses.

É possível encontrar as origens da religião grega ainda na civilização minoica, entre 2000 a.C. à 1100 a.C.. Afrescos encontrados nos palácios de Cnossos mostravam o culto a uma deusa, representativa da natureza, senhora dos animais, mas também das montanhas e dos mares, da agricultura e da guerra, rainha dos vivos e dos mortos.

Os primeiros referências aos deuses gregos conhecidos, como Poseidon, Hera e Zeus, vieram no período Miscênico ou Homérico, entre 1100 a.C. e 800 a.C.

A religião era extremamente importante para a civilização grega. Por exemplo, era ela a responsável por determinar as datas e locais das festas, quem, segundo os gregos, determinava os períodos de plantio e colheita, e tinham o poder de proteger ou amaldiçoar uma cidade ou uma pessoa.

Para atrair as graças e a proteção dos deuses, era comum a construção de monumentos em homenagens a eles, além de rituais e sacrifícios. Não existia uma distinção clara entre o mundo natural e o sobrenatural, mas tinha sim uma diferenciação muito clara entre os humanos e os deuses. Os deuses detinham amplo controle dos fenômenos naturais, e eram capazes de modifica-los conforme seu humor ou interesse.

Ainda assim, a própria representação dos deuses era bastante “humanizada”. Eles não representavam ideais de bondade e perfeição. Podiam apresentar atitudes passionais, desejos, ações vingativas, ou agir em prol dos humanos, dependendo da ocasião.

Uma categoria que era capaz de romper comas diferenças entre deuses e humanos eram os heróis, ou semideuses. Eles eram humanos, recompensados por deuses por alguma ação heroica, ou filhos de deuses com humanos. Eles podiam receber bênçãos que muitas vezes lhes garantiam uma vida mais agradável que a dos outros humanos.

A principal diferença entre deuses e mortais era, além dos poderes, a própria questão da mortalidade. Para humanos, os gregos tinham versões diferentes para uma vida após a morte. Em princípio, a psyché (ou alma) deixava o corpo da pessoa que morria, e podia assombrar os vivos. Outra possibilidade era, caso tivesse comportamento exemplar, ele podia se tornar um herói do panteão grego.

No período helenístico, houve uma ascensão da astrologia e do misticismo, com produção abundante de encantamentos amuletos, maldições, hinos, invocações, sinais, em uma tentativa de se aproximar e, de certa forma, influenciar as ações dos deuses.

Apesar de ser extremamente importante e apresentar algumas regras gerais, uma das maiores dificuldades no estudo da religião grega é a grande diferença entre os mitos, lendas e cultos, que variavam de acordo com as diferentes regiões, principalmente de acordo com os deuses que protegiam e abençoavam o lugar.

É também observada uma grande influência da religião grega na religião romana, por isso o termo “greco-romano” é tão utilizado. Após a conquista romana do mundo grego, houve uma fusão muito grande das duas culturas, e muitos dos mitos, lendas e deuses continuaram a ser cultuados e disseminados, com outros nomes.

 

A CRIAÇÃO DO MUNDO

A origem de tudo. No princípio, havia apenas o Caos, vivendo em um mundo vazio. Resolveu então criar Gaia (a Mãe Terra), Eros (o amor), Nyx (a noite), e o Tártaro (as profundezas da terra, conhecido como o mundo inferior).

Gaia, então, criou Urano, que representava o céu. Eles foram amantes e tiveram 18 filhos, sendo eles titãs e ciclopes. Temendo que seus filhos o derrotassem, Urano prendeu todos de volta no ventre de Gaia. Cronos, o filho mais velho e titã do tempo, foi capaz de derrotar o pai. Do sangue de Urano, surgiram mais três filhos: Tisífone, Megera e Alecto, que significavam castigo, rancor e ódio. Porém, mesmo tendo derrotado o pai, Cronos não libertou seus irmãos, mantendo-os presos em Gaia.

Mais tarde, Cronos casou-se com sua irmã Reia. Com medo de que seus filhos o derrotassem, como o próprio Cronos havia feito com Urano, o titã então decidiu comer seus filhos.

Reia escondeu Zeus, evitando que seu último filho fosse devorado. Com a ajuda de seus tios, os titãs e ciclopes, Zeus conseguiu derrotar Cronos, em uma batalha de 10 anos, lhe tirando o trono e fazendo com que vomitasse todos os filhos.

Assim, Zeus recuperou o equilíbrio da Terra e dividiu os poderes entre os outros deuses: Poseidon ficou com os mares, Hades ficou com o Tártaro e o submundo, e Zeus ficou com o céu e a humanidade.

Além desses três deuses, Hades, Zeus e Poseidon, haviam outros grandes deuses que também dominavam o Olimpo, cada um responsável por um aspecto da vida grega.

Hera, esposa de Zeus conhecida como rainha do Olimpo, era deusa do matrimônio e do parto. Representava, junto a Zeus, a importância e a estabilidade da união entre o homem e a mulher. Ela era descrita como vingativa, frequentemente lançando maldições sobre as amantes e filhos semideuses de Zeus.

Hefesto, deus do fogo e do artesanato, era filho de Hera e Zeus. Foi abandonado pela mãe porque ela o considerou um bebê feio demais, e foi resgatado por ninfas, que o levou de volta ao Olimpo.

Ares, também filho de Zeus e Hera, era o deus da guerra. Entrava com frequência em batalhas com os mortais, e era capaz de matar seus inimigos ao entoar seus gritos de guerra. Foi pai de vários heróis gregos, e protetor da cidade de Esparta.

Hermes, deus mensageiro dos deuses e protetor dos viajantes e comerciantes, é filho de Zeus com uma de duas amantes, Maia, deusa da fecundidade e energia vital. Por ser o deus mensageiro, era encarregado de transmitir mensagens entre a Terra e o Olimpo, e para criar intrigas, tinha o hábito de entregar mensagens falsas.

 Atena é outra filha de Zeus. Em algumas versões da lenda, ela é filha de Métis, deusa da saúde, proteção e virtudes, já em outra, Atena simplesmente surgiu da cabeça de Zeus, completamente formada. Ela era a deusa da sabedoria, por siso estava sempre com uma coruja. É também uma deusa guerreira, especialista em proteção e nas artes da guerra, e protetora da cidade de Atenas, que levou seu nome.

Atena tinha uma grande rivalidade com Ares, o que também influenciava nos conflitos entre as cidades de Esparta e Atenas.

Apolo era o deus da luz, do sol, da música e da medicina. Também filho de Zeus, dessa vez com uma Titã, era considerado um deus que oscila entre a vingança e a calma. Usava seus poderes para curar os feridos, e também fazia previsões sobre o futuro. Dizia-se que a Suprema Sacerdotisa Pítia, Oráculo de Delfos, era abençoada por Apolo, e por isso podia predizer o futuro.

Outra deusa importante era Ártemis, irmã gêmea de Apolo, deusa da caça e protetora dos animais, que tinha o arco e flecha como grande arma contra os inimigos.

Por fim, Hades, Deus dos mortos, era o responsável por acompanhar as almas após a morte. Ele não é descrito como um deus maldoso ou cruel. Diferente das outras divindades, não vive no Olimpo e governa seu próprio território, o mundo dos mortos.

Além desses, há ainda vários outros deuses e deusas menores, cultuados em algumas regiões.

Perséfone, por exemplo, era filha de Zeus com Deméter, filha da colheita. Ela nasceu e foi criada no Monte Olimpo.

Como era muito bela, Perséfone atraiu a atenção de muitos deuses, e a inveja de Afrodite e Hera. Um dia, foi raptada por Hades enquanto colhia narcisos.

A partir desse momento, os alimentos e os campos foram atingidos pela tristeza de Deméter, deusa responsável pela agricultura. Receosos das consequências que isso poderia acarretar, os deuses logo interviram para encontrar Perséfone.

Ao descobrir onde ela estava, Deméter foi pedir ajuda à Zeus. No entanto, Hades ludibriou a deusa e fez com que ela comesse uma romã, o que selaria o casamento.

Percebendo que não poderia mais sair do submundo, Perséfone entrou em uma grande tristeza. Tentando agradar a esposa, Hades então concordou que ela passasse parte do ano com Deméter.  Assim, durante os meses da primavera e verão, ela retornaria à Terra e ficaria ao lado de sua mãe. Nos meses do outono e inverno, ela voltaria para o submundo, ao lado de Hades.

Esse mito era utilizado para explicar as mudanças das estações do ano. Quando Perséfone estava ao lado da mãe, os campos floresciam. Por outro lado, quando se separavam, as flores e folhas secavam, o solo ficava infértil, e a falta de alimentos afetava a população, refletindo a tristeza de sua mãe.

As aflições que cometiam os humanos também podiam ser explicadas com outro mito, o da caixa de Pandora.

Pandora foi a primeira mulher da mitologia grega, sendo mais velha inclusive que muitos deuses. Ela foi enviada à Terra por Zeus, como um presente para os homens, em uma época onde o mundo dos homens era regido pela paz e alegria. Ela trouxe consigo uma caixa que recebeu dos deuses, e foi advertida a nunca, jamais, em hipótese alguma, abri-la.

Mas a curiosidade de Pandora em saber o que havia ali dentro falou mais alto, e passado um tempo ela abriu a caixa. De dentro dela, saíram todos os males que se podia imaginar. As guerras, pestes, fome, medo, desespero. Vendo o que havia feito, Pandora tentou desfazer o erro, voltando a fechar a caixa, mas era tarde demais. A única coisa que restou lá, dentro da caixa, foi a esperança.

Daí surge a expressão “abrir a caixa de Pandora”, quando não se sabe o que vai surgir de uma situação até que ela aconteça.

Outro mito bastante conhecido é o de Aquiles, personagem muito importante da Ilíada e da guerra de Tróia.

Aquiles era filho do rei Peleu e da deusa Tétis. Reza a lenda que Tétis mergulhou o filho no rio Estige, um dos que banham o inferno, para que ele fosse imortal. No momento da imersão, no entanto, ela o segurava pelo calcanhar, e essa parte do corpo não foi banhado. Por esse motivo, seu calcanhar se tornou um ponto fraco.

Na juventude, Aquiles foi treinado por Quirão, o centauro, e se tornou um grande guerreiro.

Após o rapto de Helena por Páris, os gregos, prontos para a guerra, procuraram por Aquiles, mas ele só foi convencido por Ulisses. Após a conhecida história do Cavalo de Tróia, Aquiles e outros soldados gregos saíram de dentro do cavalo de madeira e atacaram Tróia. Durante a batalha, Páris atira uma flecha na direção de Aquiles, que o atinge em cheio no calcanhar, matando-o.

Uma história que mostra como os deuses podem ser invejosos é a de Aracne.

Aracne era uma jovem tecelã muito talentosa. Do alto de seu orgulho, chegou a dizer que suas habilidades eram superiores à de Atena. A deusa, então, a desafiou para uma competição.

Atena produziu uma peça, mostrando toda a glória dos deuses, enquanto Aracne produzia uma dos deuses seduzindo os mortais, mostrando que eles também eram desejáveis e mereciam ser apreciados. Quem as observava dizia que ambas estavam magníficas, mas que não podiam decidir qual delas era mais bonita. A deusa, cheia de fúria, decidiu então punir a jovem, transformando-a em um inseto, que passa a sua vida tecendo com fios tão frágeis que mesmo o vento pode destruí-lo. Daí surgiu o nome “aracnídeo”.

Atena também mostrou sua fúria contra Medusa. Ela era sacerdotisa do templo de Atena. Atraído pela beleza da moça, Poseidon invadiu o templo e a atacou. Isso infringia a regra de castidade do templo. Em vez de dirigir sua fúria ao agressor, Atena puniu a vítima, transformando-a em um monstro.

Com dentes afiados e cabelo s de serpente, Medusa foi condenada à solidão. Quem ousava olhar pra ela se transformava em pedra. Desafiado em um torneio, o semideus Perseu atreveu-se a matar a fera. Para executar seu plano, ele usou o reflexo do escudo para se guiar, conseguindo chegar até medusa, cortando-lhe a cabeça.

Mas nem sempre o mal que os deuses fazem é proposital. A história de Midas, por exemplo, mostra que às vezes o problema são os próprios mortais.

Midas era um rei muitíssimo rico, mas ele não estava satisfeito. Na primeira oportunidade que teve, pediu ao deus Dionísio a habilidade de transformar qualquer coisa em outro. E assim foi feito.

Mas essa dádiva logo se tornou uma maldição. Quando foi montar em seu cavalo, Midas acidentalmente transformou-o em uma estátua de ouro. O mesmo ocorreu com suas roupas, sua comida, e tudo mais o que tocava. Ele, então, pediu que o deus retirasse sua dádiva, e Dionísio concedeu.

Um mito que também mostrou a boa vontade dos deuses, mas que não terminou bem, foi a de Orfeu e Eurídice.

Eles eram um casal apaixonado que vivia feliz, até que uma cobra picou Eurídice e ela morreu. Orfeu, inconformado com a perda, passava os dias cantando o amor que tinha pela amada. Seguiu até o reino dos mortos com a intenção de trazer de volta sua amada.

Lá, tocando sua lira, deixou hades e Perséfone tão comovidos que eles concordaram em deixar Eurídice voltar, com uma única condição: que na viagem de volta, Orfeu não olhasse pra trás em hipótese alguma.

Na subida para o mundo dos vivos, Orfeu ouviu a voz de Eurídice e instantaneamente se virou, e foi capaz apenas de vê-la sendo puxada de volta para o submundo.


AULA 2: CULTURA E FILOSOFIA GREGA

ARTE GREGA

O estudo da arte grega, além do estudo das obras, técnicas e movimento, é também um estudo sobre a própria sociedade da época.

A arte grega teria sido iniciada em Creta, tendo contato e sendo influenciada, a princípio, pelos egípcios. Os afrescos encontrados na região, por exemplo, sugerem técnicas muito similares. Essas obras eram bastante diferentes da arte grega posterior, o que sugere uma mudança cultural após o contato dos cretenses com outros povos.

Outros vestígios artísticos que restaram foram as cerâmicas, principal fonte de referências da pintura grega, que inicialmente apresentavam técnicas florais e abstratos, mas que por volta do século VII a.C. passou a apresentar figuras humanas. Inicialmente, essas figuras adotavam um padrão bem próximo ao das pinturas egípcias (de perfil, com os olhos representados como se estivessem de frente), e à partir do século V a.C. passaram a apresentar características inovadoras, com a representação do indivíduo de frente para o observador.


Haviam duas técnicas principais para pintura em cerâmica: aquelas elaboradas com figuras negras sobre a cerâmica vermelha, e a em que a cerâmica é decorada ainda úmida, em que todo o fundo é pintado de preto, enquanto as imagens são deixadas sem cobertura.

Com o desenvolvimento das técnicas de pintura, as figuras passaram a representar cada vez mais o cotidiano da sociedade, dentro e fora da pólis, e temas mitológicos. Uma grande diferença entre os artistas gregos e os egípcios era a busca por dar movimento às obras.

A arquitetura, por outro lado, ficava bastante concentrada na pólis. Um grande exemplo dessa arquitetura são os templos gregos. Se tratam de obras realizadas com intuito religioso, como homenagem aos deuses e heróis retratados, e serviam, ao mesmo tempo, como uma oferenda, e como um local de atividade religiosa. Era também uma maneira de demonstrar o poder das póleis.

Um dos mais marcantes é o Partehon. Construído com os recursos apropriados da Lida de Delfos, o templo representa o poder de Atenas. Sua decoração é marcada pela decoração temática representante da deusa protetora.

As esculturas também recebem grande destaque, com o domínio da arte de dar características individuais aos rostos das estátuas. Elas passaram a ser mais específicas, transmitindo o esforço realizado pelos músculos dos indivíduos retratados e os detalhes das expressões faciais, que ganharam destaque. Pode ser notada a observação, em especial ao corpo humano, fato que é um marco na história da arte.

Por conta da perseguição às figuras pagãs promovida pelo cristianismo, as obras existentes nos museus hoje em dia são, em sua maioria, réplicas do período romano. Por isso é muito mais fácil encontrar representações de deuses e mitos com os nomes romanos.

Não podemos deixar de falar também sobre o maior escritor do período. A Homero se atribuem os dois maiores poemas épicos da Grécia antiga, que tiveram profunda influência sobre a literatura ocidental: a Ilíada e a Odisseia.

Acredita-se que Homero tenha nascido em torno de 850 a.C., provavelmente em Esmirna, cidade localizada na costa do Mar Egeu, mas todas as informações sobre a existência e sobre sua vida são controversas. Suas obras contêm grande volume de dados geográficos, históricos, folclóricos e filosóficos, além de descreverem com perfeição os modelos de conduta e os valores morais da sociedade grega do tempo em que foi escrita a obra. Daí a grande importância desses escritos no estudo da história da Grécia antiga.


JOGOS OLÍMPICOS

Os Jogos Olímpicos antigos foram uma série de competições realizadas entre representantes de várias cidades-estado da Grécia antiga, que caracterizou principalmente eventos atléticos, mas também de combate e corridas de bigas. A origem destes Jogos Olímpicos é envolta em mistério e lendas. Um dos mitos mais populares identifica Hércules e Zeus, seu pai, como os progenitores dos Jogos. Segundo a lenda, foi Hércules que primeiro chamou os Jogos "Olímpicos" e estabeleceu o costume de explorá-los a cada quatro anos. A lenda persiste que, após Hércules ter completado seus doze trabalhos, ele construiu o estádio Olímpico como uma honra a Zeus.

A data mais aceita para o início dos Jogos Olímpicos antigos é 776 a.C., que é baseada em inscrições, encontradas em Olímpia, dos vencedores de uma corrida a pé realizada a cada quatro anos a partir de 776 a.C.. Os Jogos Antigos destacaram provas de corrida, pentatlo (que consiste em um evento de saltos, disco e lança-dardo, uma corrida a pé e luta), boxe, luta livre e eventos equestres.

 

FILOSOFIA

De forma geral, o mundo grego foi responsável pela formação dos parâmetros de raciocínio que influenciaram os filósofos ao longo da história. Eles passaram a recusar as explicações míticas e religiosas e estabelecer uma tentativa de argumentar com a razão. Buscavam uma forma de compreender o mundo, e fundaram assim a área da metafísica. Antes disso, nenhum povo teria sido capaz de estruturar o pensamento científico-filosófico.

A prática do diálogo e da discussão das ideias era particularmente privilegiada na pólis em meio à ágora, e isso foi fundamental para o surgimento o aumento dessa inquietação grega.

Creditado como um dos pioneiros nessa área, Tales de Mileto iniciou por questionar a ideia de que todas as ações eram fruto da vontade dos deuses e dedicar-se à observação do mundo à sua volta, estabelecendo as bases para o raciocínio lógico e científico.

Sua fundamentação partia da observação e estudo da matéria, argumentando sobre a existência do arché, ou princípio gerador, um material responsável pela composição de todos os outros e, por consequência, pela vida, o qual Tales acreditava ser a água.

A ele se seguiu Pitágoras, que em sua tentativa de compreender o mundo ao seu redor, voltou-se para a busca de padrões universais. Ele estabeleceu as bases para a ideia do relativismo ao apontar que as conclusões às quais chegavam os indivíduos não eram isentas, mas dependiam em parte de suas experiências anteriores. A ele também se credita o teorema matemático que leva seu nome.

Sócrates é apresentado como fundador da filosofia moderna. Ateniense, utilizava o método dialético (conhecido também como método socrático), baseado na refutação, para ensinar seus seguidores. Segundo ele, a maldade era proveniente da irreflexão, ou seja, as atitudes passíveis de serem criticadas eram resultado da ignorância, motivo pelo qual a busca pelo saber deveria ser o objetivo maior na vida dos indivíduos.

Sobre a política, Sócrates afirma que as sociedades têm uma estrutura de classe tripartida correspondente à estrutura de apetite / espírito / razão da alma individual. O apetite / espírito / razão é análogo às castas da sociedade:

Produtores (trabalhadores), os artesãos, carpinteiros, encanadores, pedreiros, comerciantes, fazendeiros etc. Correspondem ao "apetite" da alma.

Guardiães (protetores ou guerreiros), aqueles que são aventureiros, fortes e corajosos, as forças armadas, são encarregados de proteger. Correspondem à parte "espiritual" da alma.

Governantes (governantes ou reis filósofos), aqueles que são inteligentes, racionais, autocontrolados, apaixonados pela sabedoria, adequados para tomar decisões pela comunidade. Correspondem à parte "racional" da alma e são muito poucos.

Para Sócrates, deve haver a igualdade absoluta entre homens e mulheres, ambos devem ter a mesma educação e as mesmas oportunidades de chegar a ser guardiães ou governantes. Guardiães e governantes não devem constituir família ou manter propriedade privada, ambos permitidos somente aos produtores.

De acordo com esse modelo, os princípios da democracia ateniense (como existiam em seus dias) são rejeitados, pois apenas alguns são adequados para governar. Em vez de retórica e persuasão, Sócrates diz que a razão e a sabedoria devem governar.

Seus questionamentos chegaram até nós por meio do registro de seus seguidores, como seu discípulo Platão, uma vez que Sócrates não deixou nenhuma obra escrita, acreditando que a filosofia só poderia ser realizada por meio do diálogo, de forma a favorecer o raciocínio e a discussão. No fim, foi condenado à morte sob a acusação de corromper os jovens.

Platão, discípulo de Sócrates, também é um importantíssimo filósofo grego. Uma de suas principais contribuições é a sua teoria sobre o mundo das ideias.

Para ele, a realidade era dualista. Ou seja: Platão acreditava que, além da realidade material, que podemos perceber através dos cinco sentidos, o Mundo Sensível, havia também um mundo constituído de coisas não observáveis, conhecido como o Mundo das Ideias.

Segundo ele, o Mundo Sensível era falho, pois os sentidos também são. Os objetos são mutáveis e imperfeitos. O que vemos e sentimos são apenas sombras daquilo que corresponde o mundo real. O Mundo das Ideias, por outro lado, é perfeito e imutável.

Por exemplo: a ideia de um círculo é perfeita. Porém, o desenho de um círculo, feito no mundo sensível, nem sempre o é. A ideia de um cachorro é perfeita e imutável. Um cachorro, no mundo real, com o tempo vai envelhecendo, e um dia deixará de existir.

Ele explica essa ideia em um de seus trabalhos mais conhecido, a Alegoria da Caverna, que faz parte do livro República.

No texto, Sócrates fala para Glauco imaginar a existência de uma caverna onde prisioneiros vivessem desde a infância. Com as mãos amarradas em uma parede, eles podem avistar somente as sombras que são projetadas na parede situada à frente.

As sombras são ocasionadas por uma fogueira, em cima de um tapume, situada na parte traseira da parede em que os homens estão presos. Homens passam ante a fogueira, fazem gestos e passam objetos, formando sombras que, de maneira distorcida, são todo o conhecimento que os prisioneiros tinham do mundo. Aquela parede da caverna, aquelas sobras e os ecos dos sons que as pessoas de cima produziam era o mundo restrito dos prisioneiros.

Repentinamente, um dos prisioneiros foi liberto. Andando pela caverna, ele percebe que havia pessoas e uma fogueira projetando as sombras que ele julgava ser a totalidade do mundo. Ao encontrar a saída da caverna, ele tem um susto ao deparar-se com o mundo exterior. A luz solar ofusca a sua visão e ele sente-se desamparado, desconfortável, deslocado.

Aos poucos, sua visão acostuma-se com a luz e ele começa a perceber a infinidade do mundo e da natureza que existe fora da caverna. Ele percebe que aquelas sombras, que ele julgava ser a realidade, na verdade são cópias imperfeitas de uma pequena parcela da realidade.

O prisioneiro liberto poderia fazer duas coisas: retornar para a caverna e libertar os seus companheiros ou viver a sua liberdade. Uma possível consequência da primeira possibilidade seria os ataques que sofreria de seus companheiros, que o julgariam como louco, mas poderia ser uma atitude necessária, por ser a coisa mais justa a se fazer.



 (Cena: Merlí, temporada: 1, episódio: 2)

Aristóteles, discípulo de Platão, porém, discordava de suas teorias.

Para ele, a verdadeira forma de perceber o mundo era justamente através dos sentidos humanos. Ele defendia a observação do mundo para a compreensão dele, desenvolvendo o método conhecido hoje como empirismo. Segundo ele, para compreender os objetos, era necessário categorizá-los à partir de características comuns ao mesmo grupo, encontrando assim sua essência.

Quanto à política, descreveu as diferentes formas de Estado e a maneira adequada de se administrar cada um deles.

Considerado o fundador da lógica, Aristóteles dedicou grande parcela de seu tempo ao estudo da ética, cujo objetivo seria o de compreender os motivos da existência humana, publicados em seu livro Ética a Nocômano.

Foi tutor de Alexandre, o Grande, e por isso considerado também grande influência no aumento de seu império.

Outro filósofo importante da época foi Epícuro. Ele volta a compreensão humana para um único objetivo: a busca da felicidade.

Para ele, a felicidade encontrava-se na libertação do medo e na busca pelos prazeres moderados. A ausência de perturbação era o estado desejável e, portanto, deveria ser evitado qualquer elemento que pudesse romper com esse equilíbrio. Para alcançar essa vida livre da dor e obter a tranquilidade necessária à felicidade, era necessário deixar de temer a morte.


AULA 1: HISTÓRIA, POLÍTICA E SOCIEDADE NA GRÉCIA ANTIGA


A Grécia Antiga se localizava na parte sul da Península Balcânica, nas ilhas do Mar Egeu, sul da Península Itálica e litoral da Ásia Menor. Por ser um território tão vasto, repleto de montanhas, havia uma grande dificuldade em formar um território e governo único, o que favoreceu muito a formação das “póleis”, ou cidades-Estados.

Essas cidades eram relativamente pequenas, com cerca de 5 mil habitantes, podendo chegar a 20 mil nas cidades maiores. Cada uma delas tinha suas próprias características, podendo determinar seu próprio governo e organização militar.

Também por conta das montanhas e do solo pobre, a base da alimentação eram os cereais. O fácil acesso da região ao mar favoreceu a expansão marítima e, futuramente, o comércio.

Mesmo que espalhados por uma grande área, em pequenas cidades com organizações distintas, ainda havia uma grande identificação com a cultura grega. Dizia-se que “onde quer que houvesse gregos, ali estava Grécia”. A Grécia Antiga não se determinava apenas pelo território ocupado, e sim pelos aspectos religiosos, culturais e linguísticos compartilhados por aquele povo.

 

SURGIMENTO DA CIVILIZAÇÃO GREGA

 

É creditado por muitos historiadores que o início da civilização Grega se deu início na ilha de Creta, maior ilha do Mediterrâneo oriental. Há vestígios de habitação humana na ilha já no período neolítico. Já em meados de 3000 a.C., houve o surgimento da civilização minoica, que teve seu ápice em torno de 1800 a.C.

Seu nome deriva diretamente do Rei Minos, que teria sido um governante da região nos primórdios. É um local muito ligado à religião e mitologia grega, sendo o local onde surgiram os mitos do Minotauro, Dédalo e Ícaro, e sendo também o local onde, segundo a mitologia, Gaia teria escondido Zeus de Cronos.

Esse período é conhecido como Idade de Ouro de Creta, onde se desenvolveu a Civilização Palaciana, que se organizava em pequenos centros pela ilha, sendo o maior deles em Cnossos. Sua organização era talossocrata, tendo a organização social feita de acordo com o poder marítimo dos grupos dominantes. Suas relações com o Egito facilitou a expansão da cultura egípcia pelo mediterrâneo, com pode ser observada pelas artes encontradas em Cnossos, que tinham grandes influências egípcias. Também se destaca a escrita, feita de 3 formas: hieróglifa, a linear A também encontrada na Grécia continental, o que comprovava a comunicação com a sociedade cretense, e a linear B, que seria uma versão do grego antigo.

Seu desaparecimento é associado a conflitos com os Aqueus que dominaram a região em meados de 1400 a.C., criando a civilização micênica.

A própria civilização micênica teve uma queda súbita, devido segundo muitos a crises políticas e econômicas e desastres naturais. Por cerca de 400 anos, a região passou por um período de trevas até a criação dos Jogos Olímpicos, em 117 a.C.

À partir daí se inicia o período homérico, conhecido também por Período das Trevas, por se tratar de um momento em que há pouquíssimos registros históricos. Os principais são as obras de Homero, Ilíada e Odisseia.

Ilíada narra os acontecimentos da Guerra de Tróia. Essa guerra se deu pelo conflito entre Páris, príncipe troiano, e Menelau, rei espartano. Helena, esposa de Menelau, teria fugido para Tróia com Páris, e por esse motivo, Menelau, com aauxílio de seu irmão Agamenon e um grande exército, teriam iniciado a guerra para recuperar Helena.

Permeada de mitos gregos, a história também introduz grandes heróis, como Aquiles e Ulisses. Os anos de luta, a morte de Heitor, príncipe troiano e irmão de Páris, e desgastaram ambos os exércitos. Como fim para a guerra, Ulisses sugeriu a construção de um cavalo de madeira, que seria presenteado aos troianos como suposta oferta de paz. Porém, no interior do cavalo se encontravam vários soldados gregos de Menelau, que atacaram o povo troiano durante a noite, garantindo assim a vitória grega.

Já a Odisseia narra o retorno de Ulisses (conhecido também como Odisseu, daí o nome da obra) à sua terra natal Ítaca. Seu regresso demora dez anos, pois durante seu percurso Ulisses e sua tripulação atrai para si a fúria de diversos seres mitológicos, além da proteção de Atenas que o auxilia durante sua viagem.

Apesar de serem importantíssimas fontes históricas, é preciso lembrar que ambas as obras foram criadas com o intuito de entreter os ouvintes.

Nesse período, a sociedade se organizava em Oiko’s, grandes extensões de terra que incluíam seus servidores, escravos e o gado. Esses oiko’s eram liderados pelos clãs, que afirmavam descender de antepassados comuns e cujos líderes formavam a aristocracia local.  O pertencimento aos clãs, e por consequência à aristocracia, era passado hereditariamente através da linhagem masculina. Além deles, também faziam parte da sociedade os thetas, a população mais pobre que vivia da agricultura em pequenas propriedades, e os demiurgos, os artesãos. Os escravos, também parte da sociedade grega, vinham de origem bárbara, prisioneiros de guerra, ou se tornavam escravos por dívidas. O poder político se concentrava nas mãos do basileu, um rei escolhido entre os membros da aristocracia.

A existência dessas cidades isoladas favoreceu o desenvolvimento de habilidades diferenciadas entre si. Algumas regiões se dedicaram ao comércio, enquanto outras, que tinham solo mais fértil, se dedicaram à agricultura.

Em meados do século VII a.C. houve o chamado Período Arcaico, caracterizado, entre outras coisas, pela consolidação das póleis, ou Ciedades-Estado, pela retomada da escrita, pela instituição do direito por escrito, e pelo surgimento do oráculo de Delfos.

Nesse período, várias cidades abandonaram o sistema monárquico e passaram a ser governados por oligarquias, ou seja, grupos de aristocratas que governavam por instituições formais e sistemas de parentesco. A autoridade dessas famílias era explicada pela suposta relação com os primeiros habitantes da região.

A expansão grega, nessa época, foi fortemente influenciada pelos conflitos sociais. Durante anos houve um aumento populacional muito grande, o que colocava em risco a própria sobrevivência das cidades que tinham menos recursos naturais para se manter. Os grupos considerados dispensáveis eram então encorajados a buscar novas regiões para se estabelecerem e fundarem novas cidades-Estados, que mantinham as tradições culturais e religiosas gregas. Assim se deu, então, o processo de colonização da região.

Esse processo, como em qualquer processo colonizador, não era feito de forma pacífico, sendo muitas vezes marcado pelo extermínio, expulsão e submissão dos povos nativos. Essas expedições eram lideradas por “fundadores”, que frequentemente consultavam o oráculo de Delfos em busca de orientação.

Apensar de, em teoria, esse processo permitir que pessoas fora da aristocracia possam vir a obter terra, ele falhou em diminuir o abismo social causado pela concentração de terras nas mãos de um pequeno grupo. Isso, na verdade, favoreceu o surgimento de governos tiranos, onde um homem toma para si o poder sem ter autoridade constitucional legítima.

Daí surgiram os legisladores gregos, que tinham como função escrever e fixar as leis que regulavam as cidades Estado e recebiam enorme poder em uma tentativa de resolver os embates sociais do período. Destacam-se Licurgo, em Esparta, e Sólon, em Atenas.

Foi o período de transição entre o controle político da aristocracia e a formação de uma democracia.

Ainda assim, a ideia de democracia grega era muito diferente da que temos hoje em dia. Mesmo com as novas garantias, os direitos políticos ainda eram restritos aos considerados “merecedores”, ou cidadãos, que também tinham sua própria definição dentro de cada cidade-Estado. Mulheres e estrangeiros eram excluídos das discussões políticas, assim como os escravos.

Há como exemplo duas formas de governo existentes no período: uma que valorizava o governo de poucos escolhidos, como ocorria em Esparta, e outro que atribuía valor à todos os cidadãos, como em Atenas. Ambas as cidades eram extremamente militarizadas, algo atípico e que aumentava ainda mais a rivalidade entre elas.

Esparta era uma cidade extremamente militarizada, e a capacidade guerreira estava diretamente ligada à cidadania. Apenas era considerado cidadão aquele que cumprisse seu dever cívico para com a defesa da pólis, e mesmo assim os direitos dos próprios cidadãos também era bastante restrito.

Todo cidadão, ou hómoioi (os iguais), participava da assembleia legislativa, porém apenas 30 aristocratas, escolhidos entre os membros com mais de 70 anos, participavam da gerúsia. Essa era a principal instância de poder, responsável por elaborar leis e escolher os dois reis, responsáveis pelo comando do exército, e os cinco éforos, indivíduos que detinham o poder executivo sobre a cidade.

Nessa sociedade também existiam os hilotas, produtores rurais que não eram escravos, mas que tinham que ceder parte de sua produção agrícola, além de serem passíveis de receberem castigos físicos e até mesmo a morte. Há registros de algumas revoltas hilotas, que foram rapidamente subjugadas.

Essa estrutura permitiu que Esparta se tornasse a maior força militar grega. Porém, seu declínio veio no século IV a.C., em grande parte por sua incapacidade em aceitar novos grupos em seu meio e da diminuição populacional.

Atenas, por outro lado, é conhecida pela sua contribuição em diversas áreas do conhecimento, como a arte, filosofia e a literatura, ainda que também tivesse grande poderio militar.

Por Sólon, destacam-se a abolição da escravidão por dívidas, o estabelecimento do direito de defesa nos tribunais atenienses, e a consolidação de instrumentos que protegiam os grupos populares contra o poder excessivo da aristocracia. Um ponto importantíssimo foi a retirada da necessidade de possuir terras para o exercício do direito político nas assembleias, expandindo assim a noção de cidadania. Mas ainda se mantendo algumas restrições: era ateniense apenas os que tivessem pai e mãe nascidos na pólis, e que fossem resultado de casamento legítimo.

Foi criada a Ágora, localizada na parte mais baixa da cidade, onde eram realizados encontros e discussões políticas e filosóficas. A bulé era um grupo de 500 cidadãos que criava e apresentava propostas à assembleia popular, a eclésia. Além disso, foi criada a mistoforia, uma remuneração dada aos cidadãos que participavam das assembleias, o que permitia que atenienses mais pobres participassem ativamente da vida pública.

O período também foi marcado por várias tentativas de invasão pelo império Persa. Surgiram, então, a Liga de Delos, sob liderança de Atenas, e a Liga do Peloponeso, sob liderança de Esparta, que procuravam defender o território grego dos inimigos.

Com o tempo, porém, Atenas passou a abusar de seu papel na liderança na Liga de Delos. Não permitia que os membros deixassem a união, tomou para si as riquezas acumuladas durante as batalhas, e, em 454 a.C., passou a controlar sua frota marítima. Dessa forma, Atenas alcançou certa hegemonia no mundo grego.

A Liga de Delos, sob forte comando de Atenas, começou a entrar então em conflito com a Liga do Peloponeso, ambos os grupos buscando o controle da Hélade, como era conhecido o mundo grego. Se deu início, assim, a Guerra do Peloponeso., que durou de 431 a.C. a 404 a.C. Se encerrou com a vitória de Esparta e resultou na criação de um governo oligárquico em Atenas, formado por apoiadores espartanos.

O maior resultado, no entanto, foi o enfraquecimento do mundo grego. Que favoreceu a invasão da Macedônia, e dando início ao período helenístico.

O período helenístico foi marcado pela dominação e unificação das cidades-Estados gregas por Filipe II, responsável por derrotar os persas, e, posteriormente, por seu filho, Alexandre, O Grande, grande responsável por disseminar a cultura grega.

Alexandre foi um exímio conquistador. Tendo assumido o trono aos 20 anos, após sua morte aos 32 anos havia conquistado um dos maiores impérios de todos os tempos unificando os povos gregos e do Oriente sob um único governo.

Após a morte de Alexandre, o império foi dividido entre seus três conselheiros: Selouco dominou a Ásia, Lisímaco a Europa, e Ptolomeu o Egito. Os conflitos internos, inclusive entre Selouco e Lisímaco, contribuíram para um aumento na instabilidade política na região, o que favoreceu uma futura dominação romana.

Ainda que o império grego tenha perdido muito de sua força após a conquista romana, muitos dos aspectos gregos continuaram muito fortes no império romano, sendo adaptados e incorporados na cultura do povo dominante. Tanto é que, quando estudado, geralmente se fala na cultura grego-romana.



 
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