A Grécia Antiga se localizava na
parte sul da Península Balcânica, nas ilhas do Mar Egeu, sul da Península
Itálica e litoral da Ásia Menor. Por ser um território tão vasto, repleto de
montanhas, havia uma grande dificuldade em formar um território e governo
único, o que favoreceu muito a formação das “póleis”, ou cidades-Estados.
Essas cidades eram relativamente
pequenas, com cerca de 5 mil habitantes, podendo chegar a 20 mil nas cidades
maiores. Cada uma delas tinha suas próprias características, podendo determinar
seu próprio governo e organização militar.
Também por conta das montanhas e do
solo pobre, a base da alimentação eram os cereais. O fácil acesso da região ao
mar favoreceu a expansão marítima e, futuramente, o comércio.
Mesmo que espalhados por uma grande
área, em pequenas cidades com organizações distintas, ainda havia uma grande
identificação com a cultura grega. Dizia-se que “onde quer que houvesse gregos,
ali estava Grécia”. A Grécia Antiga não se determinava apenas pelo território
ocupado, e sim pelos aspectos religiosos, culturais e linguísticos
compartilhados por aquele povo.
SURGIMENTO DA CIVILIZAÇÃO GREGA
É creditado por muitos historiadores
que o início da civilização Grega se deu início na ilha de Creta, maior ilha do
Mediterrâneo oriental. Há vestígios de habitação humana na ilha já no período
neolítico. Já em meados de 3000 a.C., houve o surgimento da civilização minoica, que teve seu ápice
em torno de 1800 a.C.
Seu nome deriva diretamente do Rei
Minos, que teria sido um governante da região nos primórdios. É um local muito
ligado à religião e mitologia grega, sendo o local onde surgiram os mitos do
Minotauro, Dédalo e Ícaro, e sendo também o local onde, segundo a mitologia,
Gaia teria escondido Zeus de Cronos.
Esse período é conhecido como Idade de Ouro de Creta, onde se
desenvolveu a Civilização Palaciana, que se organizava em pequenos centros pela
ilha, sendo o maior deles em Cnossos. Sua organização era talossocrata, tendo a
organização social feita de acordo com o poder marítimo dos grupos dominantes.
Suas relações com o Egito facilitou a expansão da cultura egípcia pelo
mediterrâneo, com pode ser observada pelas artes encontradas em Cnossos, que
tinham grandes influências egípcias. Também se destaca a escrita, feita de 3
formas: hieróglifa, a linear A também encontrada na Grécia continental, o que
comprovava a comunicação com a sociedade cretense, e a linear B, que seria uma
versão do grego antigo.
Seu desaparecimento é associado a
conflitos com os Aqueus que dominaram a região em meados de 1400 a.C., criando
a civilização micênica.
A própria civilização micênica teve
uma queda súbita, devido segundo muitos a crises políticas e econômicas e
desastres naturais. Por cerca de 400 anos, a região passou por um período de
trevas até a criação dos Jogos Olímpicos, em 117 a.C.
À partir daí se inicia o período homérico, conhecido também por Período das Trevas, por se tratar de um
momento em que há pouquíssimos registros históricos. Os principais são as obras
de Homero, Ilíada e Odisseia.
Ilíada narra
os acontecimentos da Guerra de Tróia. Essa guerra se deu pelo conflito entre
Páris, príncipe troiano, e Menelau, rei espartano. Helena, esposa de Menelau,
teria fugido para Tróia com Páris, e por esse motivo, Menelau, com aauxílio de
seu irmão Agamenon e um grande exército, teriam iniciado a guerra para
recuperar Helena.
Permeada de mitos gregos, a história
também introduz grandes heróis, como Aquiles e Ulisses. Os anos de luta, a
morte de Heitor, príncipe troiano e irmão de Páris, e desgastaram ambos os
exércitos. Como fim para a guerra, Ulisses sugeriu a construção de um cavalo de
madeira, que seria presenteado aos troianos como suposta oferta de paz. Porém,
no interior do cavalo se encontravam vários soldados gregos de Menelau, que
atacaram o povo troiano durante a noite, garantindo assim a vitória grega.
Já a Odisseia narra o retorno de Ulisses (conhecido também como Odisseu,
daí o nome da obra) à sua terra natal Ítaca. Seu regresso demora dez anos, pois
durante seu percurso Ulisses e sua tripulação atrai para si a fúria de diversos
seres mitológicos, além da proteção de Atenas que o auxilia durante sua viagem.
Apesar de serem importantíssimas
fontes históricas, é preciso lembrar que ambas as obras foram criadas com o intuito
de entreter os ouvintes.
Nesse período, a sociedade se
organizava em Oiko’s, grandes
extensões de terra que incluíam seus servidores, escravos e o gado. Esses
oiko’s eram liderados pelos clãs, que
afirmavam descender de antepassados comuns e cujos líderes formavam a
aristocracia local. O pertencimento aos
clãs, e por consequência à aristocracia, era passado hereditariamente através
da linhagem masculina. Além deles, também faziam parte da sociedade os thetas, a população mais pobre que vivia
da agricultura em pequenas propriedades, e os demiurgos, os artesãos. Os escravos, também parte da sociedade
grega, vinham de origem bárbara, prisioneiros de guerra, ou se tornavam
escravos por dívidas. O poder político se concentrava nas mãos do basileu, um rei escolhido entre os
membros da aristocracia.
A existência dessas cidades isoladas favoreceu o desenvolvimento de habilidades diferenciadas entre si. Algumas regiões se dedicaram ao comércio, enquanto outras, que tinham solo mais fértil, se dedicaram à agricultura.
Em meados do século VII a.C. houve o
chamado Período Arcaico, caracterizado, entre outras coisas, pela consolidação
das póleis, ou Ciedades-Estado, pela retomada da escrita, pela instituição do
direito por escrito, e pelo surgimento do oráculo de Delfos.
Nesse período, várias cidades
abandonaram o sistema monárquico e passaram a ser governados por oligarquias,
ou seja, grupos de aristocratas que governavam por instituições formais e sistemas
de parentesco. A autoridade dessas famílias era explicada pela suposta relação
com os primeiros habitantes da região.
A expansão grega, nessa época, foi
fortemente influenciada pelos conflitos sociais. Durante anos houve um aumento
populacional muito grande, o que colocava em risco a própria sobrevivência das
cidades que tinham menos recursos naturais para se manter. Os grupos
considerados dispensáveis eram então encorajados a buscar novas regiões para se
estabelecerem e fundarem novas cidades-Estados, que mantinham as tradições
culturais e religiosas gregas. Assim se deu, então, o processo de colonização
da região.
Esse processo, como em qualquer
processo colonizador, não era feito de forma pacífico, sendo muitas vezes
marcado pelo extermínio, expulsão e submissão dos povos nativos. Essas
expedições eram lideradas por “fundadores”, que frequentemente consultavam o
oráculo de Delfos em busca de orientação.
Apensar de, em teoria, esse processo
permitir que pessoas fora da aristocracia possam vir a obter terra, ele falhou
em diminuir o abismo social causado pela concentração de terras nas mãos de um
pequeno grupo. Isso, na verdade, favoreceu o surgimento de governos tiranos,
onde um homem toma para si o poder sem ter autoridade constitucional legítima.
Daí surgiram os legisladores gregos,
que tinham como função escrever e fixar as leis que regulavam as cidades Estado
e recebiam enorme poder em uma tentativa de resolver os embates sociais do
período. Destacam-se Licurgo, em Esparta, e Sólon, em Atenas.
Foi o período de transição entre o
controle político da aristocracia e a formação de uma democracia.
Ainda assim, a ideia de democracia
grega era muito diferente da que temos hoje em dia. Mesmo com as novas
garantias, os direitos políticos ainda eram restritos aos considerados
“merecedores”, ou cidadãos, que também tinham sua própria definição dentro de
cada cidade-Estado. Mulheres e estrangeiros eram excluídos das discussões
políticas, assim como os escravos.
Há como exemplo duas formas de
governo existentes no período: uma que valorizava o governo de poucos
escolhidos, como ocorria em Esparta, e outro que atribuía valor à todos os
cidadãos, como em Atenas. Ambas as cidades eram extremamente militarizadas,
algo atípico e que aumentava ainda mais a rivalidade entre elas.
Esparta era
uma cidade extremamente militarizada, e a capacidade guerreira estava
diretamente ligada à cidadania. Apenas era considerado cidadão aquele que
cumprisse seu dever cívico para com a defesa da pólis, e mesmo assim os
direitos dos próprios cidadãos também era bastante restrito.
Todo cidadão, ou hómoioi (os iguais), participava da assembleia legislativa, porém
apenas 30 aristocratas, escolhidos entre os membros com mais de 70 anos,
participavam da gerúsia. Essa era a
principal instância de poder, responsável por elaborar leis e escolher os dois
reis, responsáveis pelo comando do exército, e os cinco éforos, indivíduos que detinham o poder executivo sobre a cidade.
Nessa sociedade também existiam os hilotas, produtores rurais que não eram
escravos, mas que tinham que ceder parte de sua produção agrícola, além de
serem passíveis de receberem castigos físicos e até mesmo a morte. Há registros
de algumas revoltas hilotas, que
foram rapidamente subjugadas.
Essa estrutura permitiu que Esparta
se tornasse a maior força militar grega. Porém, seu declínio veio no século IV
a.C., em grande parte por sua incapacidade em aceitar novos grupos em seu meio
e da diminuição populacional.
Atenas, por
outro lado, é conhecida pela sua contribuição em diversas áreas do
conhecimento, como a arte, filosofia e a literatura, ainda que também tivesse
grande poderio militar.
Por Sólon, destacam-se a abolição da
escravidão por dívidas, o estabelecimento do direito de defesa nos tribunais
atenienses, e a consolidação de instrumentos que protegiam os grupos populares
contra o poder excessivo da aristocracia. Um ponto importantíssimo foi a
retirada da necessidade de possuir terras para o exercício do direito político
nas assembleias, expandindo assim a noção de cidadania. Mas ainda se mantendo
algumas restrições: era ateniense apenas os que tivessem pai e mãe nascidos na
pólis, e que fossem resultado de casamento legítimo.
Foi criada a Ágora, localizada na parte mais baixa da cidade, onde eram
realizados encontros e discussões políticas e filosóficas. A bulé era um grupo de 500 cidadãos que
criava e apresentava propostas à assembleia popular, a eclésia. Além disso, foi criada a mistoforia, uma remuneração dada aos cidadãos que participavam das
assembleias, o que permitia que atenienses mais pobres participassem ativamente
da vida pública.
O período também foi marcado por
várias tentativas de invasão pelo império Persa. Surgiram, então, a Liga de
Delos, sob liderança de Atenas, e a Liga do Peloponeso, sob liderança de
Esparta, que procuravam defender o território grego dos inimigos.
Com o tempo, porém, Atenas passou a
abusar de seu papel na liderança na Liga de Delos. Não permitia que os membros
deixassem a união, tomou para si as riquezas acumuladas durante as batalhas, e,
em 454 a.C., passou a controlar sua frota marítima. Dessa forma, Atenas
alcançou certa hegemonia no mundo grego.
A Liga de Delos, sob forte comando de
Atenas, começou a entrar então em conflito com a Liga do Peloponeso, ambos os
grupos buscando o controle da Hélade, como era conhecido o mundo grego. Se deu
início, assim, a Guerra do Peloponeso., que durou de 431 a.C. a 404 a.C. Se
encerrou com a vitória de Esparta e resultou na criação de um governo
oligárquico em Atenas, formado por apoiadores espartanos.
O maior resultado, no entanto, foi o
enfraquecimento do mundo grego. Que favoreceu a invasão da Macedônia, e dando
início ao período helenístico.
O período helenístico foi marcado
pela dominação e unificação das cidades-Estados gregas por Filipe II, responsável por derrotar os persas, e, posteriormente,
por seu filho, Alexandre, O Grande,
grande responsável por disseminar a cultura grega.
Alexandre foi um exímio conquistador.
Tendo assumido o trono aos 20 anos, após sua morte aos 32 anos havia
conquistado um dos maiores impérios de todos os tempos unificando os povos
gregos e do Oriente sob um único governo.
Após a morte de Alexandre, o império
foi dividido entre seus três conselheiros: Selouco dominou a Ásia, Lisímaco a
Europa, e Ptolomeu o Egito. Os conflitos internos, inclusive entre Selouco e
Lisímaco, contribuíram para um aumento na instabilidade política na região, o
que favoreceu uma futura dominação romana.
Ainda que o império grego tenha
perdido muito de sua força após a conquista romana, muitos dos aspectos gregos
continuaram muito fortes no império romano, sendo adaptados e incorporados na
cultura do povo dominante. Tanto é que, quando estudado, geralmente se fala na
cultura grego-romana.
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