AULA 3: RELIGIÃO E MITOLOGIA GREGA

sábado, 1 de agosto de 2020

Religião politeísta, ou seja, acreditavam em vários deuses.

É possível encontrar as origens da religião grega ainda na civilização minoica, entre 2000 a.C. à 1100 a.C.. Afrescos encontrados nos palácios de Cnossos mostravam o culto a uma deusa, representativa da natureza, senhora dos animais, mas também das montanhas e dos mares, da agricultura e da guerra, rainha dos vivos e dos mortos.

Os primeiros referências aos deuses gregos conhecidos, como Poseidon, Hera e Zeus, vieram no período Miscênico ou Homérico, entre 1100 a.C. e 800 a.C.

A religião era extremamente importante para a civilização grega. Por exemplo, era ela a responsável por determinar as datas e locais das festas, quem, segundo os gregos, determinava os períodos de plantio e colheita, e tinham o poder de proteger ou amaldiçoar uma cidade ou uma pessoa.

Para atrair as graças e a proteção dos deuses, era comum a construção de monumentos em homenagens a eles, além de rituais e sacrifícios. Não existia uma distinção clara entre o mundo natural e o sobrenatural, mas tinha sim uma diferenciação muito clara entre os humanos e os deuses. Os deuses detinham amplo controle dos fenômenos naturais, e eram capazes de modifica-los conforme seu humor ou interesse.

Ainda assim, a própria representação dos deuses era bastante “humanizada”. Eles não representavam ideais de bondade e perfeição. Podiam apresentar atitudes passionais, desejos, ações vingativas, ou agir em prol dos humanos, dependendo da ocasião.

Uma categoria que era capaz de romper comas diferenças entre deuses e humanos eram os heróis, ou semideuses. Eles eram humanos, recompensados por deuses por alguma ação heroica, ou filhos de deuses com humanos. Eles podiam receber bênçãos que muitas vezes lhes garantiam uma vida mais agradável que a dos outros humanos.

A principal diferença entre deuses e mortais era, além dos poderes, a própria questão da mortalidade. Para humanos, os gregos tinham versões diferentes para uma vida após a morte. Em princípio, a psyché (ou alma) deixava o corpo da pessoa que morria, e podia assombrar os vivos. Outra possibilidade era, caso tivesse comportamento exemplar, ele podia se tornar um herói do panteão grego.

No período helenístico, houve uma ascensão da astrologia e do misticismo, com produção abundante de encantamentos amuletos, maldições, hinos, invocações, sinais, em uma tentativa de se aproximar e, de certa forma, influenciar as ações dos deuses.

Apesar de ser extremamente importante e apresentar algumas regras gerais, uma das maiores dificuldades no estudo da religião grega é a grande diferença entre os mitos, lendas e cultos, que variavam de acordo com as diferentes regiões, principalmente de acordo com os deuses que protegiam e abençoavam o lugar.

É também observada uma grande influência da religião grega na religião romana, por isso o termo “greco-romano” é tão utilizado. Após a conquista romana do mundo grego, houve uma fusão muito grande das duas culturas, e muitos dos mitos, lendas e deuses continuaram a ser cultuados e disseminados, com outros nomes.

 

A CRIAÇÃO DO MUNDO

A origem de tudo. No princípio, havia apenas o Caos, vivendo em um mundo vazio. Resolveu então criar Gaia (a Mãe Terra), Eros (o amor), Nyx (a noite), e o Tártaro (as profundezas da terra, conhecido como o mundo inferior).

Gaia, então, criou Urano, que representava o céu. Eles foram amantes e tiveram 18 filhos, sendo eles titãs e ciclopes. Temendo que seus filhos o derrotassem, Urano prendeu todos de volta no ventre de Gaia. Cronos, o filho mais velho e titã do tempo, foi capaz de derrotar o pai. Do sangue de Urano, surgiram mais três filhos: Tisífone, Megera e Alecto, que significavam castigo, rancor e ódio. Porém, mesmo tendo derrotado o pai, Cronos não libertou seus irmãos, mantendo-os presos em Gaia.

Mais tarde, Cronos casou-se com sua irmã Reia. Com medo de que seus filhos o derrotassem, como o próprio Cronos havia feito com Urano, o titã então decidiu comer seus filhos.

Reia escondeu Zeus, evitando que seu último filho fosse devorado. Com a ajuda de seus tios, os titãs e ciclopes, Zeus conseguiu derrotar Cronos, em uma batalha de 10 anos, lhe tirando o trono e fazendo com que vomitasse todos os filhos.

Assim, Zeus recuperou o equilíbrio da Terra e dividiu os poderes entre os outros deuses: Poseidon ficou com os mares, Hades ficou com o Tártaro e o submundo, e Zeus ficou com o céu e a humanidade.

Além desses três deuses, Hades, Zeus e Poseidon, haviam outros grandes deuses que também dominavam o Olimpo, cada um responsável por um aspecto da vida grega.

Hera, esposa de Zeus conhecida como rainha do Olimpo, era deusa do matrimônio e do parto. Representava, junto a Zeus, a importância e a estabilidade da união entre o homem e a mulher. Ela era descrita como vingativa, frequentemente lançando maldições sobre as amantes e filhos semideuses de Zeus.

Hefesto, deus do fogo e do artesanato, era filho de Hera e Zeus. Foi abandonado pela mãe porque ela o considerou um bebê feio demais, e foi resgatado por ninfas, que o levou de volta ao Olimpo.

Ares, também filho de Zeus e Hera, era o deus da guerra. Entrava com frequência em batalhas com os mortais, e era capaz de matar seus inimigos ao entoar seus gritos de guerra. Foi pai de vários heróis gregos, e protetor da cidade de Esparta.

Hermes, deus mensageiro dos deuses e protetor dos viajantes e comerciantes, é filho de Zeus com uma de duas amantes, Maia, deusa da fecundidade e energia vital. Por ser o deus mensageiro, era encarregado de transmitir mensagens entre a Terra e o Olimpo, e para criar intrigas, tinha o hábito de entregar mensagens falsas.

 Atena é outra filha de Zeus. Em algumas versões da lenda, ela é filha de Métis, deusa da saúde, proteção e virtudes, já em outra, Atena simplesmente surgiu da cabeça de Zeus, completamente formada. Ela era a deusa da sabedoria, por siso estava sempre com uma coruja. É também uma deusa guerreira, especialista em proteção e nas artes da guerra, e protetora da cidade de Atenas, que levou seu nome.

Atena tinha uma grande rivalidade com Ares, o que também influenciava nos conflitos entre as cidades de Esparta e Atenas.

Apolo era o deus da luz, do sol, da música e da medicina. Também filho de Zeus, dessa vez com uma Titã, era considerado um deus que oscila entre a vingança e a calma. Usava seus poderes para curar os feridos, e também fazia previsões sobre o futuro. Dizia-se que a Suprema Sacerdotisa Pítia, Oráculo de Delfos, era abençoada por Apolo, e por isso podia predizer o futuro.

Outra deusa importante era Ártemis, irmã gêmea de Apolo, deusa da caça e protetora dos animais, que tinha o arco e flecha como grande arma contra os inimigos.

Por fim, Hades, Deus dos mortos, era o responsável por acompanhar as almas após a morte. Ele não é descrito como um deus maldoso ou cruel. Diferente das outras divindades, não vive no Olimpo e governa seu próprio território, o mundo dos mortos.

Além desses, há ainda vários outros deuses e deusas menores, cultuados em algumas regiões.

Perséfone, por exemplo, era filha de Zeus com Deméter, filha da colheita. Ela nasceu e foi criada no Monte Olimpo.

Como era muito bela, Perséfone atraiu a atenção de muitos deuses, e a inveja de Afrodite e Hera. Um dia, foi raptada por Hades enquanto colhia narcisos.

A partir desse momento, os alimentos e os campos foram atingidos pela tristeza de Deméter, deusa responsável pela agricultura. Receosos das consequências que isso poderia acarretar, os deuses logo interviram para encontrar Perséfone.

Ao descobrir onde ela estava, Deméter foi pedir ajuda à Zeus. No entanto, Hades ludibriou a deusa e fez com que ela comesse uma romã, o que selaria o casamento.

Percebendo que não poderia mais sair do submundo, Perséfone entrou em uma grande tristeza. Tentando agradar a esposa, Hades então concordou que ela passasse parte do ano com Deméter.  Assim, durante os meses da primavera e verão, ela retornaria à Terra e ficaria ao lado de sua mãe. Nos meses do outono e inverno, ela voltaria para o submundo, ao lado de Hades.

Esse mito era utilizado para explicar as mudanças das estações do ano. Quando Perséfone estava ao lado da mãe, os campos floresciam. Por outro lado, quando se separavam, as flores e folhas secavam, o solo ficava infértil, e a falta de alimentos afetava a população, refletindo a tristeza de sua mãe.

As aflições que cometiam os humanos também podiam ser explicadas com outro mito, o da caixa de Pandora.

Pandora foi a primeira mulher da mitologia grega, sendo mais velha inclusive que muitos deuses. Ela foi enviada à Terra por Zeus, como um presente para os homens, em uma época onde o mundo dos homens era regido pela paz e alegria. Ela trouxe consigo uma caixa que recebeu dos deuses, e foi advertida a nunca, jamais, em hipótese alguma, abri-la.

Mas a curiosidade de Pandora em saber o que havia ali dentro falou mais alto, e passado um tempo ela abriu a caixa. De dentro dela, saíram todos os males que se podia imaginar. As guerras, pestes, fome, medo, desespero. Vendo o que havia feito, Pandora tentou desfazer o erro, voltando a fechar a caixa, mas era tarde demais. A única coisa que restou lá, dentro da caixa, foi a esperança.

Daí surge a expressão “abrir a caixa de Pandora”, quando não se sabe o que vai surgir de uma situação até que ela aconteça.

Outro mito bastante conhecido é o de Aquiles, personagem muito importante da Ilíada e da guerra de Tróia.

Aquiles era filho do rei Peleu e da deusa Tétis. Reza a lenda que Tétis mergulhou o filho no rio Estige, um dos que banham o inferno, para que ele fosse imortal. No momento da imersão, no entanto, ela o segurava pelo calcanhar, e essa parte do corpo não foi banhado. Por esse motivo, seu calcanhar se tornou um ponto fraco.

Na juventude, Aquiles foi treinado por Quirão, o centauro, e se tornou um grande guerreiro.

Após o rapto de Helena por Páris, os gregos, prontos para a guerra, procuraram por Aquiles, mas ele só foi convencido por Ulisses. Após a conhecida história do Cavalo de Tróia, Aquiles e outros soldados gregos saíram de dentro do cavalo de madeira e atacaram Tróia. Durante a batalha, Páris atira uma flecha na direção de Aquiles, que o atinge em cheio no calcanhar, matando-o.

Uma história que mostra como os deuses podem ser invejosos é a de Aracne.

Aracne era uma jovem tecelã muito talentosa. Do alto de seu orgulho, chegou a dizer que suas habilidades eram superiores à de Atena. A deusa, então, a desafiou para uma competição.

Atena produziu uma peça, mostrando toda a glória dos deuses, enquanto Aracne produzia uma dos deuses seduzindo os mortais, mostrando que eles também eram desejáveis e mereciam ser apreciados. Quem as observava dizia que ambas estavam magníficas, mas que não podiam decidir qual delas era mais bonita. A deusa, cheia de fúria, decidiu então punir a jovem, transformando-a em um inseto, que passa a sua vida tecendo com fios tão frágeis que mesmo o vento pode destruí-lo. Daí surgiu o nome “aracnídeo”.

Atena também mostrou sua fúria contra Medusa. Ela era sacerdotisa do templo de Atena. Atraído pela beleza da moça, Poseidon invadiu o templo e a atacou. Isso infringia a regra de castidade do templo. Em vez de dirigir sua fúria ao agressor, Atena puniu a vítima, transformando-a em um monstro.

Com dentes afiados e cabelo s de serpente, Medusa foi condenada à solidão. Quem ousava olhar pra ela se transformava em pedra. Desafiado em um torneio, o semideus Perseu atreveu-se a matar a fera. Para executar seu plano, ele usou o reflexo do escudo para se guiar, conseguindo chegar até medusa, cortando-lhe a cabeça.

Mas nem sempre o mal que os deuses fazem é proposital. A história de Midas, por exemplo, mostra que às vezes o problema são os próprios mortais.

Midas era um rei muitíssimo rico, mas ele não estava satisfeito. Na primeira oportunidade que teve, pediu ao deus Dionísio a habilidade de transformar qualquer coisa em outro. E assim foi feito.

Mas essa dádiva logo se tornou uma maldição. Quando foi montar em seu cavalo, Midas acidentalmente transformou-o em uma estátua de ouro. O mesmo ocorreu com suas roupas, sua comida, e tudo mais o que tocava. Ele, então, pediu que o deus retirasse sua dádiva, e Dionísio concedeu.

Um mito que também mostrou a boa vontade dos deuses, mas que não terminou bem, foi a de Orfeu e Eurídice.

Eles eram um casal apaixonado que vivia feliz, até que uma cobra picou Eurídice e ela morreu. Orfeu, inconformado com a perda, passava os dias cantando o amor que tinha pela amada. Seguiu até o reino dos mortos com a intenção de trazer de volta sua amada.

Lá, tocando sua lira, deixou hades e Perséfone tão comovidos que eles concordaram em deixar Eurídice voltar, com uma única condição: que na viagem de volta, Orfeu não olhasse pra trás em hipótese alguma.

Na subida para o mundo dos vivos, Orfeu ouviu a voz de Eurídice e instantaneamente se virou, e foi capaz apenas de vê-la sendo puxada de volta para o submundo.


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