ARTE GREGA
O estudo da arte grega, além do
estudo das obras, técnicas e movimento, é também um estudo sobre a própria
sociedade da época.
A arte grega teria sido iniciada em
Creta, tendo contato e sendo influenciada, a princípio, pelos egípcios. Os
afrescos encontrados na região, por exemplo, sugerem técnicas muito similares.
Essas obras eram bastante diferentes da arte grega posterior, o que sugere uma
mudança cultural após o contato dos cretenses com outros povos.
Outros vestígios artísticos que
restaram foram as cerâmicas,
principal fonte de referências da pintura grega, que inicialmente apresentavam
técnicas florais e abstratos, mas que por volta do século VII a.C. passou a
apresentar figuras humanas. Inicialmente, essas figuras adotavam um padrão bem
próximo ao das pinturas egípcias (de perfil, com os olhos representados como se
estivessem de frente), e à partir do século V a.C. passaram a apresentar
características inovadoras, com a representação do indivíduo de frente para o
observador.
Haviam duas técnicas principais para
pintura em cerâmica: aquelas elaboradas com figuras negras sobre a cerâmica
vermelha, e a em que a cerâmica é decorada ainda úmida, em que todo o fundo é
pintado de preto, enquanto as imagens são deixadas sem cobertura.
Com o desenvolvimento das técnicas de
pintura, as figuras passaram a representar cada vez mais o cotidiano da
sociedade, dentro e fora da pólis, e temas mitológicos. Uma grande diferença
entre os artistas gregos e os egípcios era a busca por dar movimento às obras.
A arquitetura, por outro lado, ficava bastante concentrada na pólis. Um
grande exemplo dessa arquitetura são os templos gregos. Se tratam de obras
realizadas com intuito religioso, como homenagem aos deuses e heróis
retratados, e serviam, ao mesmo tempo, como uma oferenda, e como um local de
atividade religiosa. Era também uma maneira de demonstrar o poder das póleis.
Um dos mais marcantes é o Partehon. Construído
com os recursos apropriados da Lida de Delfos, o templo representa o poder de
Atenas. Sua decoração é marcada pela decoração temática representante da deusa
protetora.
As esculturas também recebem grande
destaque, com o domínio da arte de dar características individuais aos rostos
das estátuas. Elas passaram a ser mais específicas, transmitindo o esforço
realizado pelos músculos dos indivíduos retratados e os detalhes das expressões
faciais, que ganharam destaque. Pode ser notada a observação, em especial ao
corpo humano, fato que é um marco na história da arte.
Por conta da perseguição às figuras
pagãs promovida pelo cristianismo, as obras existentes nos museus hoje em dia
são, em sua maioria, réplicas do período romano. Por isso é muito mais fácil
encontrar representações de deuses e mitos com os nomes romanos.
Não podemos deixar de falar também
sobre o maior escritor do período. A Homero
se atribuem os dois maiores poemas épicos da Grécia antiga, que tiveram
profunda influência sobre a literatura ocidental: a Ilíada e a Odisseia.
Acredita-se que Homero tenha nascido em torno de 850 a.C., provavelmente em Esmirna, cidade localizada na costa do Mar Egeu, mas todas as informações sobre a existência e sobre sua vida são controversas. Suas obras contêm grande volume de dados geográficos, históricos, folclóricos e filosóficos, além de descreverem com perfeição os modelos de conduta e os valores morais da sociedade grega do tempo em que foi escrita a obra. Daí a grande importância desses escritos no estudo da história da Grécia antiga.
JOGOS OLÍMPICOS
Os Jogos Olímpicos antigos foram uma
série de competições realizadas entre representantes de várias cidades-estado
da Grécia antiga, que caracterizou principalmente eventos atléticos, mas também
de combate e corridas de bigas. A origem destes Jogos Olímpicos é envolta em
mistério e lendas. Um dos mitos mais populares identifica Hércules e Zeus, seu
pai, como os progenitores dos Jogos. Segundo a lenda, foi Hércules que primeiro
chamou os Jogos "Olímpicos" e estabeleceu o costume de explorá-los a
cada quatro anos. A lenda persiste que, após Hércules ter completado seus doze
trabalhos, ele construiu o estádio Olímpico como uma honra a Zeus.
A data mais aceita para o início dos
Jogos Olímpicos antigos é 776 a.C., que é baseada em inscrições, encontradas em
Olímpia, dos vencedores de uma corrida a pé realizada a cada quatro anos a
partir de 776 a.C.. Os Jogos Antigos destacaram provas de corrida, pentatlo
(que consiste em um evento de saltos, disco e lança-dardo, uma corrida a pé e
luta), boxe, luta livre e eventos equestres.
FILOSOFIA
De forma geral, o mundo grego foi
responsável pela formação dos parâmetros de raciocínio que influenciaram os
filósofos ao longo da história. Eles passaram a recusar as explicações míticas
e religiosas e estabelecer uma tentativa de argumentar com a razão. Buscavam
uma forma de compreender o mundo, e fundaram assim a área da metafísica. Antes
disso, nenhum povo teria sido capaz de estruturar o pensamento
científico-filosófico.
A prática do diálogo e da discussão
das ideias era particularmente privilegiada na pólis em meio à ágora, e isso
foi fundamental para o surgimento o aumento dessa inquietação grega.
Creditado como um dos pioneiros nessa
área, Tales de Mileto iniciou por
questionar a ideia de que todas as ações eram fruto da vontade dos deuses e
dedicar-se à observação do mundo à sua volta, estabelecendo as bases para o
raciocínio lógico e científico.
Sua fundamentação partia da
observação e estudo da matéria, argumentando sobre a existência do arché, ou princípio gerador, um material
responsável pela composição de todos os outros e, por consequência, pela vida,
o qual Tales acreditava ser a água.
A ele se seguiu Pitágoras, que em sua tentativa de compreender o mundo ao seu
redor, voltou-se para a busca de padrões universais. Ele estabeleceu as bases
para a ideia do relativismo ao apontar que as conclusões às quais chegavam os
indivíduos não eram isentas, mas dependiam em parte de suas experiências
anteriores. A ele também se credita o teorema matemático que leva seu nome.
Sócrates é apresentado
como fundador da filosofia moderna. Ateniense, utilizava o método dialético
(conhecido também como método socrático), baseado na refutação, para ensinar
seus seguidores. Segundo ele, a maldade era proveniente da irreflexão, ou seja,
as atitudes passíveis de serem criticadas eram resultado da ignorância, motivo
pelo qual a busca pelo saber deveria ser o objetivo maior na vida dos
indivíduos.
Sobre a política, Sócrates afirma que
as sociedades têm uma estrutura de classe tripartida correspondente à estrutura
de apetite / espírito / razão da alma individual. O apetite / espírito / razão
é análogo às castas da sociedade:
Produtores (trabalhadores), os
artesãos, carpinteiros, encanadores, pedreiros, comerciantes, fazendeiros etc.
Correspondem ao "apetite" da alma.
Guardiães (protetores ou guerreiros),
aqueles que são aventureiros, fortes e corajosos, as forças armadas, são
encarregados de proteger. Correspondem à parte "espiritual" da alma.
Governantes (governantes ou reis
filósofos), aqueles que são inteligentes, racionais, autocontrolados,
apaixonados pela sabedoria, adequados para tomar decisões pela comunidade.
Correspondem à parte "racional" da alma e são muito poucos.
Para Sócrates, deve haver a igualdade
absoluta entre homens e mulheres, ambos devem ter a mesma educação e as mesmas
oportunidades de chegar a ser guardiães ou governantes. Guardiães e governantes
não devem constituir família ou manter propriedade privada, ambos permitidos
somente aos produtores.
De acordo com esse modelo, os
princípios da democracia ateniense (como existiam em seus dias) são rejeitados,
pois apenas alguns são adequados para governar. Em vez de retórica e persuasão,
Sócrates diz que a razão e a sabedoria devem governar.
Seus questionamentos chegaram até nós
por meio do registro de seus seguidores, como seu discípulo Platão, uma vez que
Sócrates não deixou nenhuma obra escrita, acreditando que a filosofia só
poderia ser realizada por meio do diálogo, de forma a favorecer o raciocínio e
a discussão. No fim, foi condenado à morte sob a acusação de corromper os
jovens.
Platão, discípulo
de Sócrates, também é um importantíssimo filósofo grego. Uma de suas principais
contribuições é a sua teoria sobre o mundo das ideias.
Para ele, a realidade era dualista.
Ou seja: Platão acreditava que, além da realidade material, que podemos
perceber através dos cinco sentidos, o Mundo Sensível, havia também um mundo
constituído de coisas não observáveis, conhecido como o Mundo das Ideias.
Segundo ele, o Mundo Sensível era
falho, pois os sentidos também são. Os objetos são mutáveis e imperfeitos. O
que vemos e sentimos são apenas sombras daquilo que corresponde o mundo real. O
Mundo das Ideias, por outro lado, é perfeito e imutável.
Por exemplo: a ideia de um círculo é perfeita. Porém, o desenho de um círculo, feito no mundo sensível, nem sempre o é. A ideia de um cachorro é perfeita e imutável. Um cachorro, no mundo real, com o tempo vai envelhecendo, e um dia deixará de existir.
Ele explica essa ideia em um de seus
trabalhos mais conhecido, a Alegoria da Caverna, que faz parte do livro
República.
No texto, Sócrates fala para Glauco
imaginar a existência de uma caverna onde prisioneiros vivessem desde a
infância. Com as mãos amarradas em uma parede, eles podem avistar somente as
sombras que são projetadas na parede situada à frente.
As sombras são ocasionadas por uma
fogueira, em cima de um tapume, situada na parte traseira da parede em que os
homens estão presos. Homens passam ante a fogueira, fazem gestos e passam
objetos, formando sombras que, de maneira distorcida, são todo o conhecimento
que os prisioneiros tinham do mundo. Aquela parede da caverna, aquelas sobras e
os ecos dos sons que as pessoas de cima produziam era o mundo restrito dos
prisioneiros.
Repentinamente, um dos prisioneiros
foi liberto. Andando pela caverna, ele percebe que havia pessoas e uma fogueira
projetando as sombras que ele julgava ser a totalidade do mundo. Ao encontrar a
saída da caverna, ele tem um susto ao deparar-se com o mundo exterior. A luz
solar ofusca a sua visão e ele sente-se desamparado, desconfortável, deslocado.
Aos poucos, sua visão acostuma-se com
a luz e ele começa a perceber a infinidade do mundo e da natureza que existe
fora da caverna. Ele percebe que aquelas sombras, que ele julgava ser a
realidade, na verdade são cópias imperfeitas de uma pequena parcela da
realidade.
O prisioneiro liberto poderia fazer
duas coisas: retornar para a caverna e libertar os seus companheiros ou viver a
sua liberdade. Uma possível consequência da primeira possibilidade seria os
ataques que sofreria de seus companheiros, que o julgariam como louco, mas
poderia ser uma atitude necessária, por ser a coisa mais justa a se fazer.
Aristóteles,
discípulo de Platão, porém, discordava de suas teorias.
Para ele, a verdadeira forma de
perceber o mundo era justamente através dos sentidos humanos. Ele defendia a
observação do mundo para a compreensão dele, desenvolvendo o método conhecido
hoje como empirismo. Segundo ele, para compreender os objetos, era necessário
categorizá-los à partir de características comuns ao mesmo grupo, encontrando
assim sua essência.
Quanto à política, descreveu as
diferentes formas de Estado e a maneira adequada de se administrar cada um
deles.
Considerado o fundador da lógica,
Aristóteles dedicou grande parcela de seu tempo ao estudo da ética, cujo
objetivo seria o de compreender os motivos da existência humana, publicados em
seu livro Ética a Nocômano.
Foi tutor de Alexandre, o Grande, e
por isso considerado também grande influência no aumento de seu império.
Outro filósofo importante da época
foi Epícuro. Ele volta a compreensão
humana para um único objetivo: a busca da felicidade.
Para ele, a felicidade encontrava-se
na libertação do medo e na busca pelos prazeres moderados. A ausência de
perturbação era o estado desejável e, portanto, deveria ser evitado qualquer
elemento que pudesse romper com esse equilíbrio. Para alcançar essa vida livre
da dor e obter a tranquilidade necessária à felicidade, era necessário deixar
de temer a morte.
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