AULA 2: CULTURA E FILOSOFIA GREGA

sábado, 1 de agosto de 2020

ARTE GREGA

O estudo da arte grega, além do estudo das obras, técnicas e movimento, é também um estudo sobre a própria sociedade da época.

A arte grega teria sido iniciada em Creta, tendo contato e sendo influenciada, a princípio, pelos egípcios. Os afrescos encontrados na região, por exemplo, sugerem técnicas muito similares. Essas obras eram bastante diferentes da arte grega posterior, o que sugere uma mudança cultural após o contato dos cretenses com outros povos.

Outros vestígios artísticos que restaram foram as cerâmicas, principal fonte de referências da pintura grega, que inicialmente apresentavam técnicas florais e abstratos, mas que por volta do século VII a.C. passou a apresentar figuras humanas. Inicialmente, essas figuras adotavam um padrão bem próximo ao das pinturas egípcias (de perfil, com os olhos representados como se estivessem de frente), e à partir do século V a.C. passaram a apresentar características inovadoras, com a representação do indivíduo de frente para o observador.


Haviam duas técnicas principais para pintura em cerâmica: aquelas elaboradas com figuras negras sobre a cerâmica vermelha, e a em que a cerâmica é decorada ainda úmida, em que todo o fundo é pintado de preto, enquanto as imagens são deixadas sem cobertura.

Com o desenvolvimento das técnicas de pintura, as figuras passaram a representar cada vez mais o cotidiano da sociedade, dentro e fora da pólis, e temas mitológicos. Uma grande diferença entre os artistas gregos e os egípcios era a busca por dar movimento às obras.

A arquitetura, por outro lado, ficava bastante concentrada na pólis. Um grande exemplo dessa arquitetura são os templos gregos. Se tratam de obras realizadas com intuito religioso, como homenagem aos deuses e heróis retratados, e serviam, ao mesmo tempo, como uma oferenda, e como um local de atividade religiosa. Era também uma maneira de demonstrar o poder das póleis.

Um dos mais marcantes é o Partehon. Construído com os recursos apropriados da Lida de Delfos, o templo representa o poder de Atenas. Sua decoração é marcada pela decoração temática representante da deusa protetora.

As esculturas também recebem grande destaque, com o domínio da arte de dar características individuais aos rostos das estátuas. Elas passaram a ser mais específicas, transmitindo o esforço realizado pelos músculos dos indivíduos retratados e os detalhes das expressões faciais, que ganharam destaque. Pode ser notada a observação, em especial ao corpo humano, fato que é um marco na história da arte.

Por conta da perseguição às figuras pagãs promovida pelo cristianismo, as obras existentes nos museus hoje em dia são, em sua maioria, réplicas do período romano. Por isso é muito mais fácil encontrar representações de deuses e mitos com os nomes romanos.

Não podemos deixar de falar também sobre o maior escritor do período. A Homero se atribuem os dois maiores poemas épicos da Grécia antiga, que tiveram profunda influência sobre a literatura ocidental: a Ilíada e a Odisseia.

Acredita-se que Homero tenha nascido em torno de 850 a.C., provavelmente em Esmirna, cidade localizada na costa do Mar Egeu, mas todas as informações sobre a existência e sobre sua vida são controversas. Suas obras contêm grande volume de dados geográficos, históricos, folclóricos e filosóficos, além de descreverem com perfeição os modelos de conduta e os valores morais da sociedade grega do tempo em que foi escrita a obra. Daí a grande importância desses escritos no estudo da história da Grécia antiga.


JOGOS OLÍMPICOS

Os Jogos Olímpicos antigos foram uma série de competições realizadas entre representantes de várias cidades-estado da Grécia antiga, que caracterizou principalmente eventos atléticos, mas também de combate e corridas de bigas. A origem destes Jogos Olímpicos é envolta em mistério e lendas. Um dos mitos mais populares identifica Hércules e Zeus, seu pai, como os progenitores dos Jogos. Segundo a lenda, foi Hércules que primeiro chamou os Jogos "Olímpicos" e estabeleceu o costume de explorá-los a cada quatro anos. A lenda persiste que, após Hércules ter completado seus doze trabalhos, ele construiu o estádio Olímpico como uma honra a Zeus.

A data mais aceita para o início dos Jogos Olímpicos antigos é 776 a.C., que é baseada em inscrições, encontradas em Olímpia, dos vencedores de uma corrida a pé realizada a cada quatro anos a partir de 776 a.C.. Os Jogos Antigos destacaram provas de corrida, pentatlo (que consiste em um evento de saltos, disco e lança-dardo, uma corrida a pé e luta), boxe, luta livre e eventos equestres.

 

FILOSOFIA

De forma geral, o mundo grego foi responsável pela formação dos parâmetros de raciocínio que influenciaram os filósofos ao longo da história. Eles passaram a recusar as explicações míticas e religiosas e estabelecer uma tentativa de argumentar com a razão. Buscavam uma forma de compreender o mundo, e fundaram assim a área da metafísica. Antes disso, nenhum povo teria sido capaz de estruturar o pensamento científico-filosófico.

A prática do diálogo e da discussão das ideias era particularmente privilegiada na pólis em meio à ágora, e isso foi fundamental para o surgimento o aumento dessa inquietação grega.

Creditado como um dos pioneiros nessa área, Tales de Mileto iniciou por questionar a ideia de que todas as ações eram fruto da vontade dos deuses e dedicar-se à observação do mundo à sua volta, estabelecendo as bases para o raciocínio lógico e científico.

Sua fundamentação partia da observação e estudo da matéria, argumentando sobre a existência do arché, ou princípio gerador, um material responsável pela composição de todos os outros e, por consequência, pela vida, o qual Tales acreditava ser a água.

A ele se seguiu Pitágoras, que em sua tentativa de compreender o mundo ao seu redor, voltou-se para a busca de padrões universais. Ele estabeleceu as bases para a ideia do relativismo ao apontar que as conclusões às quais chegavam os indivíduos não eram isentas, mas dependiam em parte de suas experiências anteriores. A ele também se credita o teorema matemático que leva seu nome.

Sócrates é apresentado como fundador da filosofia moderna. Ateniense, utilizava o método dialético (conhecido também como método socrático), baseado na refutação, para ensinar seus seguidores. Segundo ele, a maldade era proveniente da irreflexão, ou seja, as atitudes passíveis de serem criticadas eram resultado da ignorância, motivo pelo qual a busca pelo saber deveria ser o objetivo maior na vida dos indivíduos.

Sobre a política, Sócrates afirma que as sociedades têm uma estrutura de classe tripartida correspondente à estrutura de apetite / espírito / razão da alma individual. O apetite / espírito / razão é análogo às castas da sociedade:

Produtores (trabalhadores), os artesãos, carpinteiros, encanadores, pedreiros, comerciantes, fazendeiros etc. Correspondem ao "apetite" da alma.

Guardiães (protetores ou guerreiros), aqueles que são aventureiros, fortes e corajosos, as forças armadas, são encarregados de proteger. Correspondem à parte "espiritual" da alma.

Governantes (governantes ou reis filósofos), aqueles que são inteligentes, racionais, autocontrolados, apaixonados pela sabedoria, adequados para tomar decisões pela comunidade. Correspondem à parte "racional" da alma e são muito poucos.

Para Sócrates, deve haver a igualdade absoluta entre homens e mulheres, ambos devem ter a mesma educação e as mesmas oportunidades de chegar a ser guardiães ou governantes. Guardiães e governantes não devem constituir família ou manter propriedade privada, ambos permitidos somente aos produtores.

De acordo com esse modelo, os princípios da democracia ateniense (como existiam em seus dias) são rejeitados, pois apenas alguns são adequados para governar. Em vez de retórica e persuasão, Sócrates diz que a razão e a sabedoria devem governar.

Seus questionamentos chegaram até nós por meio do registro de seus seguidores, como seu discípulo Platão, uma vez que Sócrates não deixou nenhuma obra escrita, acreditando que a filosofia só poderia ser realizada por meio do diálogo, de forma a favorecer o raciocínio e a discussão. No fim, foi condenado à morte sob a acusação de corromper os jovens.

Platão, discípulo de Sócrates, também é um importantíssimo filósofo grego. Uma de suas principais contribuições é a sua teoria sobre o mundo das ideias.

Para ele, a realidade era dualista. Ou seja: Platão acreditava que, além da realidade material, que podemos perceber através dos cinco sentidos, o Mundo Sensível, havia também um mundo constituído de coisas não observáveis, conhecido como o Mundo das Ideias.

Segundo ele, o Mundo Sensível era falho, pois os sentidos também são. Os objetos são mutáveis e imperfeitos. O que vemos e sentimos são apenas sombras daquilo que corresponde o mundo real. O Mundo das Ideias, por outro lado, é perfeito e imutável.

Por exemplo: a ideia de um círculo é perfeita. Porém, o desenho de um círculo, feito no mundo sensível, nem sempre o é. A ideia de um cachorro é perfeita e imutável. Um cachorro, no mundo real, com o tempo vai envelhecendo, e um dia deixará de existir.

Ele explica essa ideia em um de seus trabalhos mais conhecido, a Alegoria da Caverna, que faz parte do livro República.

No texto, Sócrates fala para Glauco imaginar a existência de uma caverna onde prisioneiros vivessem desde a infância. Com as mãos amarradas em uma parede, eles podem avistar somente as sombras que são projetadas na parede situada à frente.

As sombras são ocasionadas por uma fogueira, em cima de um tapume, situada na parte traseira da parede em que os homens estão presos. Homens passam ante a fogueira, fazem gestos e passam objetos, formando sombras que, de maneira distorcida, são todo o conhecimento que os prisioneiros tinham do mundo. Aquela parede da caverna, aquelas sobras e os ecos dos sons que as pessoas de cima produziam era o mundo restrito dos prisioneiros.

Repentinamente, um dos prisioneiros foi liberto. Andando pela caverna, ele percebe que havia pessoas e uma fogueira projetando as sombras que ele julgava ser a totalidade do mundo. Ao encontrar a saída da caverna, ele tem um susto ao deparar-se com o mundo exterior. A luz solar ofusca a sua visão e ele sente-se desamparado, desconfortável, deslocado.

Aos poucos, sua visão acostuma-se com a luz e ele começa a perceber a infinidade do mundo e da natureza que existe fora da caverna. Ele percebe que aquelas sombras, que ele julgava ser a realidade, na verdade são cópias imperfeitas de uma pequena parcela da realidade.

O prisioneiro liberto poderia fazer duas coisas: retornar para a caverna e libertar os seus companheiros ou viver a sua liberdade. Uma possível consequência da primeira possibilidade seria os ataques que sofreria de seus companheiros, que o julgariam como louco, mas poderia ser uma atitude necessária, por ser a coisa mais justa a se fazer.



 (Cena: Merlí, temporada: 1, episódio: 2)

Aristóteles, discípulo de Platão, porém, discordava de suas teorias.

Para ele, a verdadeira forma de perceber o mundo era justamente através dos sentidos humanos. Ele defendia a observação do mundo para a compreensão dele, desenvolvendo o método conhecido hoje como empirismo. Segundo ele, para compreender os objetos, era necessário categorizá-los à partir de características comuns ao mesmo grupo, encontrando assim sua essência.

Quanto à política, descreveu as diferentes formas de Estado e a maneira adequada de se administrar cada um deles.

Considerado o fundador da lógica, Aristóteles dedicou grande parcela de seu tempo ao estudo da ética, cujo objetivo seria o de compreender os motivos da existência humana, publicados em seu livro Ética a Nocômano.

Foi tutor de Alexandre, o Grande, e por isso considerado também grande influência no aumento de seu império.

Outro filósofo importante da época foi Epícuro. Ele volta a compreensão humana para um único objetivo: a busca da felicidade.

Para ele, a felicidade encontrava-se na libertação do medo e na busca pelos prazeres moderados. A ausência de perturbação era o estado desejável e, portanto, deveria ser evitado qualquer elemento que pudesse romper com esse equilíbrio. Para alcançar essa vida livre da dor e obter a tranquilidade necessária à felicidade, era necessário deixar de temer a morte.


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